Suas informações competitivas.

Tenho uma grande amiga que trabalha em uma empresa multinacional e que tinha na assinatura dos seus e-mails a seguinte inscrição: “Fulana de Tal” – Informações Competitivas. A princípio, a assinatura causou-me estranhamento, porque eu ainda não tinha visto algo do tipo, mas depois vi que era muito lógico de ser. Empresas trabalham competindo e o que se diz popularmente é que o segredo é a alma do negócio, portanto o grau de competitividade das suas informações está diretamente ligado ao onde, como, quando e para quem divulgá-las e onde, como, quando e para quem transformá-las em algo concreto.

Com as porteiras abertas para a passagem da informação depois do surgimento da internet, tudo tornou-se muito disponível de ser acessado e passamos a concentrar bastante tempo aprendendo passivamente. No entanto, acredito ser interessante e importante o entendimento do que de fato estamos fazendo, visto que temos três palavras muito recorrentes mas que ainda carecem de um olhar mais específico, para não comprometermos a outra face do aprendizado – o ativo. As palavras são: informação, conhecimento e trabalho.

Independentemente da definição que podemos obter nos dicionários para cada uma delas, refletindo um pouco, o que entendo é o seguinte:

  • Informação é conhecimento em potencial.
  • Conhecimento é trabalho realizado.

Trocando em graúdos, tudo aquilo que colhemos de todas as fontes possíveis é material latente para ser transformado em algo útil. A informação espera o trabalho de elaboração para se transformar, tal como a terra espera o lavrador para transformá-la e torná-la produtiva. Algumas pessoas têm muita informação, mas pouco conhecimento. Outras, extraem quantidades incríveis de conhecimento da pouca informação que têm. Ou seja, é o AGENTE que define o aproveitamento da informação, gerando um trabalho profícuo ou não, trazendo aí o lado ativo do aprendizado.

Com a corrida pela sobrevivência em um mercado devorador e com tendências cada vez mais fortes ao turnover (rotatividade), recém-formados lançam mão de todas as suas possibilidades, e de seus pais, para ingressarem em cursos de pós-gradução e mestrado no afã de garantirem um posto de trabalho com um currículo mais encorpado, o que é compreensível. Porém, o que se vê comumente são candidatos a vagas de emprego, com graduações e especializações variadas, ocupando posições aquém do que desejam e do que podem, gerando aí uma capacidade ociosa em seu próprio desempenho. Ou seja, informação interna que não vira conhecimento por não ser trabalhada.

Sabendo, claro, que o mercado é muitas vezes cruel com o candidato à uma vaga de emprego, em função das demandas características do momento e localidade, exigindo sempre algo mais, não basta a ele apenas adquirir mais informação para garantir cargos e funções de destaque, há também que se especializar em transformar ao máximo o que já possui. Do contrário, estará descartando prematuramente bons valores competitivos pessoais que podem vir a ser verdadeiros diferenciais. É, sobretudo, saber mostrar e executar o que sabe com o pouco que tem. Jogar muita semente no solo não garante safra abundante. Arar, semear, regar, observar e proteger ainda é o que dita a cartilha do bom lavrador.

Não deixe de acessar o post “Mulher de rabo-de-cavalo” para concorrer a 01 livro tempo.com – A comunicação esquecida em tempos de Internet.

Siga no Twitter!

Sobre João Viégas

Professor, consultor e especialista em Comunicação, autor e editor do livro 'tempo.com - A comunicação esquecida em tempos de Internet'.
Esse post foi publicado em Mercado, Sociedade e marcado , , , . Guardar link permanente.

2 respostas para Suas informações competitivas.

  1. Lívia Viégas disse:

    Adorei o texto! Concordo plenamente quando você diz que muita semente no solo não garante a competência. Vejo isto diariamente e reitero que o dia a dia de uma profissão pede muito mais do que um extenso currículo de especializações.

    Curtir

Deixe um comentário